1 de setembro de 2009

do eterno inacabado

Não foram raras as vezes em que gastei mais tempo pensando se já tinha terminado alguma pintura ou desenho do que projetando a coisa em si. E parece que nessas semanas isso é tema recorrente - pura impressão, mas é como se todo espaço parecido com ateliê estivesse destinado a ser palco da discussão uma hora ou outra. Por outro lado, costumo ouvir os discursos de fora, ou mesmo fugir de uma resposta que dê a impressão de que eu não tenho ideia do que é ter terminado ou não uma obra. Porque, muitas vezes, eu acho que não sei mesmo; um pouco envergonhada, um pouco desapontada com a falta de reflexão, mas acho. Bom, aconteceu que um dia foi a própria Renata que me perguntou como eu sabia se já tinha terminado uma pintura, e minha réplica deve ter sido realmente muito improvisada para eu só ter agora uma vaga ideia do que respondi (tudo se resume em um "não sei" aprimorado). Como que eu sei? Por enquanto, esse final é uma grande enrolação, e se ela for das boas,  o espectador vai acreditar que está terminada - e pronto. Claro, aí entramos em questões maiores, no que é de fato ver uma obra, se ela independe do meio, etc. Mas olhando uma pintura como essa do Klimt, saber que ela não está terminada não é freio suficiente para o eventual fascínio que ela possa exercer, possivelmente pela abertura que temos hoje para olhar as coisas sem uma crítica tão forte ao processo exposto, presente na obra. E mesmo assim, a tarefa de terminar não é mais fácil agora, e muito menos isso se dá aleatoriamente. Métodos conhecidos estão sempre a postos: se afastar, descansar a ideia, olhar de novo e de novo. Mas na prática, como que eu sei? Eu termino.

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